sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Exemplo de Superação

Num final de dia de 1992, Luis estava cansado, com pressa para voltar para casa. Carregava uma sacola grande, com bijuterias de estanho que revendia, pesadas a valer. Quando viu o trem parado na plataforma da estação Hermelino Matarazzo, desceu as escadas em disparada. Atirou-se na porta, mas ao tentar se segurar desequilibrou e caiu...

Caiu num lugar muito escuro... Não conseguia se localizar, tudo aconteceu muito rápido. Quando se deu conta, já era.

A equipe de resgate chegou, fez algumas perguntas para checar o quanto ele estava consciente. Até o CEP de casa ele soube informar. Depois, apagou.

Luis Eduardo Lima Goulveia, 40 anos, nasceu em São Paulo, no Itaim Paulista. Morou no Jacupiranga, depois em Peruíbe, voltou para a capital, até mudar-se para Caraguatatuba, onde mora atualmente.

Sempre foi de batente! Aos 13 anos já trabalhava no armazém de um Libanês, a quem até hoje é grato, descarregando sacas de arroz. Tentava imitar os homens fortes, e conseguia colocar 30kg em cada ombro – o que já era um grande feito para seu tamanho. Depois trabalhou como pedreiro, azulejista, cobrador, pintor, não ficava parado.

Aos 17 anos, apaixonou-se pela vizinha. E quando jogava vôlei com os amigos, dava um jeito para que a bola caísse no seu quintal. Foi assim que um dia, eles se conheceram e este tal de “amor à primeira vista” aconteceu. Um ano depois, Luis chamou seu pai para acompanhá-lo no pedido de casamento. Fez questão de fazer tudo como manda o figurino. Assim, Luis e Nilza se casaram.

Aos 20 anos, nasceu Dudu, seu primeiro filho. Luis não se esquece de quando viu o filho pela primeira vez, “aquela coisinha branca, carequinha, de olhos pretinhos”, através do enorme vidro do berçário. Queria mesmo ser pai jovem, para depois jogar bola com o filho, curtir o garoto.

Quando o acidente aconteceu, Dudu já dava passos firmes, enquanto Luis teve que aprender a viver sem as duas pernas. Passou por todas as fases, revolta, depressão, auto-piedade, e através do apoio e amor da família e de amigos, foi superando todas. Para ele, a paciência e as boas companhias foram grandes aliadas em sua recuperação. Em 2005, nasceu Lucas, o “Luquinha”, e nada como uma criança para anunciar novos tempos.

Um ano e meio depois, um amigo incentivou Luis a se mudar para Caraguatatuba. A família veio, gostou e montou uma pizzaria-restaurante. Mas, com o tempo, Luis foi se acomodando, arrendou o comércio e a vida resumia-se ao sofá, à TV e ao controle remoto. Então, um dia ele se lembrou do posto de gasolina onde vira outros cadeirantes e deficientes. Chamou Nilza e a convidou para ir até lá, se oferecer para trabalhar. Até Lucas veio junto.

E assim foi. No começo de 2010, para alegria de todos, Luis passou a fazer parte da Energia.

Quem vê o homem sério, surpreendentemente ágil, tatuado, de pouco sorriso, não faz idéia de seu bom coração e de sua coragem. Aos 40 anos, Luis já realizou boa parte de seus sonhos. Agora, quer servir ao próximo através da Solidar.

Luis é um grande exemplo de superação e a lição maior de que a vida é a melhor escolha!