quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lilian: o toque oriental

Por Regina Magalhães

A adolescente que se divertia passeando de patins por uma cidade do interior não fazia idéia de todos os caminhos pelos quais sua vida passaria até chegar ao Solidar. Lilian Sayumi Yoshimura, 42 anos, tem ascendência japonesa e mora no litoral norte paulista desde 2004.

Ela nasceu em São Paulo, depois, ainda criança mudou-se para Mogi das Cruzes – onde passou sua adolescência – e aos 18 anos foi morar no Japão, onde viveu por 15 anos.

Lilian foi parar do outro lado do mundo porque sua mãe havia se mudado para lá para trabalhar como auxiliar num hospital, graças a um programa que incentivava netos de japoneses – os decasséguis – a viver no Japão. Lá foi ela, sem falar e nem escrever uma palavra da língua. Nesta fase mais solitária, ainda sem comunicação e conhecendo pouquíssimos brasileiros, encontrava consolo nas guloseimas do supermercado. Seus primeiros empregos foram em linhas de produção de peças automotivas. Por conta da altura incomum no país (ela mede 1,70m) era escalada para o trabalho mais pesado – soldava, carregava e descarrega matéria-prima, sem moleza.

Estudando através do método de ensino Kumon, aprendeu a língua e por isso conseguiu um emprego melhor e pôde realizar muitos sonhos materiais, sem contar as viagens que fazia. Com seu primeiro marido ela teve uma menina, Nicole. Depois se casou novamente e antes que nascesse Vinícius, voltou a morar no Brasil.

Já de volta, ainda se acostumando com a mudança, um recado especial chegou até ela. Estava meio para baixo, pensativa e no metrô, em São Paulo, uma moça ao lado, sem saber nada do que se passava pela sua cabeça lhe disse: “Deus sabe o que passa no seu coração. Não se preocupe: você terá a vitória!”. A mensagem a confortou profundamente. Os caminhos foram se ajeitando até que ela chegou a São Sebastião, onde assumiu a gerência de uma loja de motos e começou o curso de Direito.

Quando soube do Solidar, quis conhecer o Marcelo de perto. A empatia foi grande, emocionante. Dias depois, Lilian foi contratada. Hoje, com sua sensibilidade, disciplina e assertividade ela contribui para a causa, trabalhando nos bastidores da empresa. Sua elegância também deixa o ambiente mais bonito.

Uma crise no casamento a fez encarar um novo processo de separação. Mas ela não é de se entregar à tristeza ou ao desânimo. Saiu fortalecida com uma vontade enorme de reescrever sua história - ou de escrever novos capítulos - de reconstruir a vida, de crescer e evoluir como ser humano, de não cometer os mesmos erros e de caminhar na direção de seus sonhos e... REALIZÁ-LOS! Lilian acredita no amor e a Solidar acredita em Lilian!
Se o dia é de folga ela gosta de fazer tricô ou ir à praia. E os patins? Ficaram na adolescência...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Convivência: Onde a Boa Gente se Encontra!

Por Regina Magalhães

As manhãs da Convivência têm um irresistível cheiro de pão quentinho e café fresco. Por todo o dia e, às vezes, por toda a noite, entra e sai gente. São 24 horas por dia, 7 dias por semana. Tem quem busque falar um oi, tem quem entra e sai calado, tem quem faz dali ponto de encontro, tem quem deixa o carro na pista, consome rapidinho e pronto!

Uma moça bonita, alta, de olhos bem claros e cabelos cacheados, chega com sua bolsa de grife e pulseiras douradas. Acomoda-se no balcão e pede seu café com leite e pão.

- Este posto vai ficar enorme! – diz ela tentando puxar assunto, olhando para a terra da obra ao redor e ao ambiente com certo ar de improviso.

“Oxalá!”, penso. Olho para Sol que logo percebe meu ar de indagação:

- Só um minuto. Me deixa atender o vendedor que já falo com você – diz ela, gesticulando.

Deixo a pergunta para lá. Entra um homem segurando garrafas vazias, procurando pelo lixo reciclável. Sol o atende, rapidamente. O café acaba e Zuzu logo coloca mais pó na cafeteira.
Na parede um relógio promove uma marca de um cigarro (eca!) e indica que são 10:04h. A temperatura ambiente é de 27.7°C. É o calorzinho que vem do forno. Mas o calor que o termômetro não mede vem do espírito feminino da equipe, da saudável vaidade, da precisão e assertividade do caixa, do dom culinário, da capacidade de pensar em tudo e em todos, do sorriso aberto, do sorriso tímido, do jogo de cintura para quando o balcão está cheio e a fila formada, do zelo, da responsabilidade e da vocação de servir. Viva a Kall , a Kelly, a Raquel, a Sol, a Zuzu e a Zilda.

Zuzu lava a loucinha, que não pode acumular. Aparece um jovem com um cheque na mão e pergunta por Ney. Zuzu aponta na direção do escritório. A moça bonita insiste em conversar: conta que é da Bahia, já morou em Manaus, veio de Petrópolis, mas que gosta de passar as férias em São Sebastião por causa do filho. Ela termina, se despede e paga. Zuzu recebe e dá o troco. Mais loucinha aparece na pia e Zuzu trata de lavá-la.

Sol continua com o vendedor, decidindo as compras da conveniência. Entra uma família e depois uma senhora, que pega dois refrigerantes grandes, um queijo e pede pãezinhos para viagem.

Fico impressionada com a diversidade de produtos que o espaço oferece. Quer se informar? Tem jornal e guia do litoral. Está com fominha? Tem salgado, biscoito, lanche, sorvete e balinha. Está com fomão? Tem hambúrguer no pão. Quer carinho? Tem torrada e cafezinho. Churrasco? Tem carvão e cerveja. Para ficar cheiroso, shampoo e sabonete. Para o bebê tem mamadeira e papinha. Para um desejo, chocolate. Para a moça tem havaiana, para quem quer fazer um bolo tem farinha. Para a festa tem vinho, para limpeza tem cândida. Para fazer comida tem arroz, tem ovos e feijão. Para quem não cozinha tem o instantâneo macarrão! Para estender a roupa tem varal. Até Vinagre Saboroso tem. Genial! Quer dinheiro? Tem também! Tem Bradesco e 24 horas. O que mais você quer? Um açaí? Garanto que o melhor é daqui!

Entra um velhinho japonês, usando boné. Este fala pouco. As manchas na pele sugerem que o homem já trabalhou muito ao sol. Fico imaginando sua história. Ele aceita o café que lhe oferecem e vai até o freezer. Paga e sai tomando sorvete de morango com a expressão de um menino. Acho graça.

Entra um motorista e pede um café.

- Estou acabando de passar! – diz Zuzu.

Enquanto espera, o homem aproveita para arrumar sua carteira, espalhando papéis no balcão. Parece se sentir em casa. O café fica pronto, fresquinho! Ele toma, agradece e sai.

Embora as paredes sejam cobertas por certificados de prêmios recebidos e matérias emolduradas que atestam o valor do trabalho do Solidar, vejo como maior recompensa os encontros que aqui acontecem. Marcados ou por coincidência, são encontros ao redor de sabores, de um rápido papo, da comprinha corrida, durante a espera da troca de óleo, do tempo em que se saboreia um quitute, encontros de trabalho, de descanso, de alma.

Na Convivência do Solidar, a boa gente se encontra!

Que tal um cafezinho?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Energia a Serviço!

Por Regina Magalhães

A tarde é de outono, mas a natureza generosa nos presenteia com o céu azul perfeito e o calorzinho do sol aquece na medida. São duas da tarde. Uma obra na pista interrompe o fluxo de carros por duas horas. Ao invés de desperdiçar o tempo, a unidade de negócios progressistas ENERGIA está reunida.

O cenário atual do SOLIDAR é curioso. As bombas de combustível são novinhas, mas a equipe já é para lá de experiente. Há um quê de inacabado, em meio ao canteiro de obras que incomoda o olhar. Escolho erguer os olhos para fitar a doce montanha que nos rodeia.

Sem querer incomodar, cumprimento todos e fico mais distante, observando e aprendendo com o sorriso de Arlindo, a atenção de Luiz, a falante Gabriela, o comprometimento de Neizinho, a concentração de Sidney, a gratidão de Susan, a presença de Murillo, a condução de Adriano e a garra de Claudio. Estão ali, presentes, atuantes. Não encontro Benê, Rui, Gilvanio e Irany. Para estes, hoje o dia é de folga, de férias, de descanso.

- Afinal, me desculpem, mas que reunião é esta? – não resisto e pergunto.

- É a nossa reunião de Corpo, Mente e Alma. Serve para colocar os pingos nos iiiiis e para falar dos indicadores dos nossos Metaprojetos – responde Claudio, que lidera a ENERGIA em parceria com Adriano

- Quantos e quais são?

- São 3 principais: Acolhimento, Beleza e Caixa. E recentemente começamos o projeto dos Aditivos – continua Claudio.

Vou, sem dar conta, me aproximando do círculo. Deve ser a ENERGIA que me atrai. Me policio para ficar em silêncio. Os temas são discutidos. Embora os processos, ou Metaprojetos existam, Adriano propõe que sejam reescritos e depois comparados, para que sejam evidenciadas as atualizações necessárias.

No ABC da pista, o Acolhimento recepciona os clientes, indicando qual a bomba disponível ou de melhor acesso. Nada de deixar cliente perdido! Mas não é só indicar aqui ou ali. É preciso estar atento e desejoso de receber o rei cliente! É como ficamos em casa, ao saber que vamos receber uma pessoa querida. Atentos!

Aí vem outro pessoal que diz:

- Olá, Beleza? Gasolina Comum, Aditivada ou Etanol? E Aditivo?

Aqui toda atenção é pouca. O cliente confia as chaves para que o carro seja abastecido. É preciso servir e marcar num papelzinho o consumo em litros e em reais e entregar ao Caixa o papel e a chave. Concentração nos números e processos, sem deixar o cliente de lado. Também não vale gritaria, não é para ser feira.

O Caixa, então, trata de administrar o funcionamento das maquininhas, o preenchimento dos talões de nota, o pagamento em dinheiro, o troco, o valor do consumo, ufa! Qualquer distração compromete o fluxo de toda uma cadeia. Salve a virtude da Atenção!

Em outra frente, enquanto o cliente está parado, é momento de Cuidar e Servir.

- Vamos checar a frente, verificar o óleo e a água? Vamos lavar o carro?

Até aí tudo bem. São serviços. Mas então vem o detalhe:

- Aceita um cafezinho? E uma torradinha?

Entra aqui o olhar que transcende os automóveis. Aflora o prazer de servir ao ser. Da modesta cozinha da Convivência, saem o café e as torradas, com gosto de Amor ao Próximo, Humildade e Simplicidade, Solidariedade, Justiça e Igualdade, Excelência. A alegria em servir é que faz tudo ficar mais saboroso.

É também importante cuidar da Beleza. Dos detalhes, da limpeza do piso ao teto, passando pela manutenção das bombas e de uma florzinha, aqui ou ali. É preciso zelar pela ordem. Afinal, o Solidar é como o segundo lar para estas pessoas!

A reunião vai se encerrando. Cada colaborador fala sobre seus sentimentos. O grupo é chamado à responsabilidade de aprender a linguagem dos sinais para incentivar a participação e maior inclusão de Murilo, um surdo-mudo de olhar expressivo. Até eu me proponho a fazer a lição de casa.

A estrada é liberada. É hora de voltar à ação. Despeço-me com o olhar transformado e declaro meu desejo de contribuir. No caminho de volta, sinto a brisa da tarde de outono. Meu coração segue grato. Estou ENERGIZADA! É o efeito SOLIDAR!