segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rui: o homem com jeito de menino

Quem vê Rui pela primeira vez, fica meio confuso e pode até se perguntar como é que a Solidar faz uso de trabalho infantil? Mas, não é nada disso...

Rui Tobias Castro tem 28 anos. Nasceu no dia 30 de junho de 1982, em Vitória, no Espírito Santo e mudou-se para São Sebastião com a família, há cerca de 20 anos.

Entre os 8 filhos de seu José Tobias e dona Maria Joana, Rui é o quarto mais velho. Nasceu saudável, aparentemente perfeito, mas conforme o tempo foi passando sua mãe descobriu que o filho sofria de um retardamento do crescimento dos ossos.

Na época, conseguiram por um tempo ter acesso a medicamentos para o tratamento, que eram importados da Argentina, mas sem o provimento do Estado, não conseguiam pagar até que o consumo foi interrompido.

E Rui cresceu parecendo um menino, literalmente. Tem o riso largo, bom, sabe rir da vida. Estudou até o 3º colegial e conheceu a Solidar quando entregava bebidas na Convivência. Vivia recebendo convites para trabalhar na empresa, até que um dia, resolveu aceitar.

A Solidar é seu primeiro emprego com registro formal, o que para ele tem um significado muito grande, sente-se respeitado. Sem falar da experiência de vida que o trabalho lhe trouxe e o aprendizado de conviver com outras pessoas e aprender a amar o Próximo.

Rui valoriza muito a família. Mora numa casa, no alto do Topo. Sonha em juntar dinheiro para comprar uma casa para a mãe, no baixo, para que ela não precise mais subir tantas escadas. Nas horas de folga, bate uma bolinha.

E o coração? No momento está disponível, mas Rui pega pesado: “Casar, para que casar?”. Mas, quem resiste ao homem com jeito de menino?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Exemplo de Superação

Num final de dia de 1992, Luis estava cansado, com pressa para voltar para casa. Carregava uma sacola grande, com bijuterias de estanho que revendia, pesadas a valer. Quando viu o trem parado na plataforma da estação Hermelino Matarazzo, desceu as escadas em disparada. Atirou-se na porta, mas ao tentar se segurar desequilibrou e caiu...

Caiu num lugar muito escuro... Não conseguia se localizar, tudo aconteceu muito rápido. Quando se deu conta, já era.

A equipe de resgate chegou, fez algumas perguntas para checar o quanto ele estava consciente. Até o CEP de casa ele soube informar. Depois, apagou.

Luis Eduardo Lima Goulveia, 40 anos, nasceu em São Paulo, no Itaim Paulista. Morou no Jacupiranga, depois em Peruíbe, voltou para a capital, até mudar-se para Caraguatatuba, onde mora atualmente.

Sempre foi de batente! Aos 13 anos já trabalhava no armazém de um Libanês, a quem até hoje é grato, descarregando sacas de arroz. Tentava imitar os homens fortes, e conseguia colocar 30kg em cada ombro – o que já era um grande feito para seu tamanho. Depois trabalhou como pedreiro, azulejista, cobrador, pintor, não ficava parado.

Aos 17 anos, apaixonou-se pela vizinha. E quando jogava vôlei com os amigos, dava um jeito para que a bola caísse no seu quintal. Foi assim que um dia, eles se conheceram e este tal de “amor à primeira vista” aconteceu. Um ano depois, Luis chamou seu pai para acompanhá-lo no pedido de casamento. Fez questão de fazer tudo como manda o figurino. Assim, Luis e Nilza se casaram.

Aos 20 anos, nasceu Dudu, seu primeiro filho. Luis não se esquece de quando viu o filho pela primeira vez, “aquela coisinha branca, carequinha, de olhos pretinhos”, através do enorme vidro do berçário. Queria mesmo ser pai jovem, para depois jogar bola com o filho, curtir o garoto.

Quando o acidente aconteceu, Dudu já dava passos firmes, enquanto Luis teve que aprender a viver sem as duas pernas. Passou por todas as fases, revolta, depressão, auto-piedade, e através do apoio e amor da família e de amigos, foi superando todas. Para ele, a paciência e as boas companhias foram grandes aliadas em sua recuperação. Em 2005, nasceu Lucas, o “Luquinha”, e nada como uma criança para anunciar novos tempos.

Um ano e meio depois, um amigo incentivou Luis a se mudar para Caraguatatuba. A família veio, gostou e montou uma pizzaria-restaurante. Mas, com o tempo, Luis foi se acomodando, arrendou o comércio e a vida resumia-se ao sofá, à TV e ao controle remoto. Então, um dia ele se lembrou do posto de gasolina onde vira outros cadeirantes e deficientes. Chamou Nilza e a convidou para ir até lá, se oferecer para trabalhar. Até Lucas veio junto.

E assim foi. No começo de 2010, para alegria de todos, Luis passou a fazer parte da Energia.

Quem vê o homem sério, surpreendentemente ágil, tatuado, de pouco sorriso, não faz idéia de seu bom coração e de sua coragem. Aos 40 anos, Luis já realizou boa parte de seus sonhos. Agora, quer servir ao próximo através da Solidar.

Luis é um grande exemplo de superação e a lição maior de que a vida é a melhor escolha!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Do Trio Elétrico à Solidar

Gabriela Gomes Molinari, a Gabi, tem 36 anos e mais de 13.000 dias de histórias para contar. É bonito ouvi-la falar. Tão bonito quanto o processo da Beleza, pela qual ela é responsável na SOLIDAR.

Nascida em Vitória-ES, foi criada no Rio, onde morava a família de seu pai. Um belo dia, sua mãe, Antonia, levou os cinco filhos para passar férias em Guarapari e quando voltou seu apartamento havia sido roubado. Levaram tudo. Até os móveis. Como já estava separada, Antonia decidiu morar no Espírito Santo, já que seus parentes eram capixabas.

E foi lá que Gabi viveu, dos 9 aos 24 anos. Namorou, noivou três vezes e numa delas, terminou o noivado com vestido pronto e casa mobiliada. A jovenzinha queria mesmo era ganhar mundo, aprender mais do que Contabilidade, viajar. E quando conheceu João, foi morar com ele quando tinham apenas um mês de namoro. O moço tinha vindo de São Sebastião, onde vivera 4 anos trabalhando como garçom e no ramo de apostas.

O casal não demorou a cair na estrada. Moraram um ano e Vassouras, no Rio, onde morava a mãe de João e depois se mudaram para Salvador. Lá ficaram por 3 anos, tempo em que a vida foi sempre divertida, cercada de amigos acolhedores. Por um bom período, também foi desconfortável: se almoçavam, não jantavam e se jantavam, era porque não tinham almoçado... Sem falar no banho que era de caneca porque no morro onde viviam a água não tinha muita força para subir. Mas, quando Gabi conseguiu trabalhar como assistente num consultório odontológico de bacanas (que atendia até o “Painho ACM” - Antonio Carlos Magalhães), não quis saber de mais nada a não ser correr atrás do trio elétrico! Não economizava em abadas para pular ao som de Ivete Sangalo da Banda Eva, Daniela Mercury, Expresso 2222...

Depois, vai daqui, vai dali, os dias os guiaram a São Sebastião. Para viver aqui, começaram do zero, vendendo salada de fruta em Baraqueçaba: “Salada de Fruta do Casal, igual a essa não tem nada igual!”. Então, chegou alguém para adoçar as frutas, o casal e suas vidas: nasceu a Mel!

E com a chegada de Mel, bons encontros se sucederam: Gabi, de filosofia Budista, conheceu Mary que já trabalhava na Solidar. Em São Sebastião, ela sentia reviver um círculo cármico e depois de muita oração, soube que havia uma oportunidade no Posto. Veio correndo!

A moça que queria ganhar mundo, ganhou uma coisa que se encontra dentro, e não fora. Emocionada, diz: “Encontrei um lugar que prega e vive as coisas mais importantes que eu acredito! Os valores da Solidar, são os meus valores!”. Que bom! Como dizem por aí, “os iguais se encontram”. E se saúdam.

Salve, Gabi! É bom tê-la por perto.

sábado, 9 de outubro de 2010

Kall (cuja identidade “secreta” é Claunusia Ferreira da Silva) nasceu em Novo Oriente, interior de Minas Gerais. Mas, como muitos dos bons mineiros, seguiu as águas dos rios e desaguou com a família em São Sebastião. Era 1985 e a mineirinha do sorriso lindo só tinha 8 aninhos.

Aos 4 meses, Kall foi vítima de paralisia infantil e cresceu sem movimento nas pernas, mas vivia “rastando nas ruas”, diz ela. Só aos 10 anos, quando a família resolveu matriculá-la na escola é que conheceu uma cadeira de rodas. Para freqüentar as aulas precisou superar dois obstáculos: o deslocamento e o preconceito. Foi preciso muita luta para que os professores a aceitassem. Como os Ferreira da Silva são guerreiros, ela conseguiu!

Foi tomando gosto pelos estudos, cresceu e começou a fazer um cursinho aqui, outro ali, pensando em começar a trabalhar. Mas trabalhar aonde? Foi então que apareceu uma oportunidade na Associação dos Deficientes Físicos. Ela topou e foi ser secretária. No começo, tinha medo de sair sozinha, precisava de alguém que a acompanhasse. Aos poucos foi conquistando sua independência. Queria mais que uma pensão do INSS, queria viver!

Um dia, Marcos, que já trabalhava aqui, comentou com ela que Marcelo – que Kall já conhecia da Associação – estava precisando de uma pessoa para o Posto de Serviço ao Próximo. Ela topou e se virou! Insistiu tanto com a companhia de transporte urbano que conseguiu introduzir na linha urbana, ônibus adaptados de acordo com seus horários de trabalho.

Kall é persistente com seus sonhos: queria trabalhar e conseguiu, agora sonha em ter sua casa, casar e ter filhos. Com este sorriso estonteante, tenho certeza que logo o amor chega.

Para ela, a deficiência não foi motivo para não sair do lugar. Como ela fez? Contou com o carinho da família e teve perseverança para superar a descrença e humildade nos momentos em que é preciso pedir ajuda.

Kall, querida, que a força dos seus desejos a mantenham sempre em movimento!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Viva o Claudio!

Claudio Marcio de Castro está prestes comemorar seus 41 anos de vida. E amor à vida, não lhe falta. Ele é daqueles que já nasceram de novo...

Até junho de 2003, seu negócio era trabalhar com gráfica, vendendo banners e carimbos. Um dia, estava no centro de São Sebastião, quando foi abordado por Marcelo:

- Com licença, bom dia, tudo bem? Quero falar com o senhor. Eu sou do Posto, ali da Praia das Cigarras... – e assim a proposta e a causa da Solidar lhe foram apresentadas.

Impressionado, quis saber mais e veio ao posto conversar com Telo. Tanto falaram que em menos de uma semana já estava por aqui. Logo no seu primeiro dia, todos ficaram impressionados com a sua habilidade na pista.

Achou que poderia dar conta da gráfica e das bombas, mas não demorou a perceber que o Posto de Serviço a Próximo, não era um simples trabalho. Era uma história de vida. Apaixonou-se pela causa à primeira vista. Foi descobrindo o poder de abastecer a alma das pessoas.

Quando entrou, havia comentado sobre uma cirurgia que deveria fazer e que o deixaria de molho por pelo menos um mês. Tudo bem. Ele foi, operou e se apaixonou. Agora não pela causa, mas por Irany, uma morena alta e linda. Logo juntaram os trapos e tempos depois, Irany veio também ser colaboradora da Solidar, mas esta é outra história...

Pergunto a ele o que significa trabalhar neste lugar – e chegar a sócio, como chegou recentemente (sem contar que hoje ele cursa o LAV para se tornar um Líder de Alto Valor!). Claudio responde que já foi um sujeito tão baixo astral que se uma mosca o picasse, caía morta! Sem contar o dedo que trincou ao bater a mão na mesa, numa discussão que teve com Telo. Haja Conversa de Valor!

Claudio tornou-se cadeirante aos 19 anos. Ele morava em São Sebastião e ao reagir instintivamente a um assalto, foi baleado nas costas, com dois tiros. Era a noite de 16 de agosto de 1989.

Ficou meses hospitalizado. Viu gente morrer ao seu lado, sentiu medo. Quando teve alta, foi obrigado a morar com a mãe. Passou pela fase da revolta (por que comigo?), sentiu-se um coitadinho (auto-piedade) e descobriu que podia retomar sua vida. Voltou a estudar, foi um agente de transformação da escola (que passou a oferecer acessibilidade), participou ativamente de uma associação voltada aos portadores de necessidades especiais e convenceu a mãe de que queria voltar a morar em São Sebastião. Em 1996, morou com o irmão por um tempo curto e logo alugou um quartinho. Logo foi para um espaço maior, reconquistando sua autonomia.

São muitas vitórias e lições: “Nunca podemos deixar a cabeça ocupada com desânimo e fraqueza, senão nosso destino passará por vícios e remédios. Temos sempre que buscar novos interesses e aprendizados, pois a vida nos foi dada para ser BEM VIVIDA”.

Viva o Claudio!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

21 de setembro, Dia da Luta Nacional das Pessoas com Deficiência

No dia 21 de setembro, Dia da Luta Nacional das Pessoas com Deficiência, queremos deixar três recados.

O primeiro é para os deficientes, ou portadores de necessidades especiais: PERSEVERANÇA! Perseverem, persistam, insistam e acreditem no seu poder de superação. É isso que todos os dias aprendemos por aqui, com pessoas como o seu Benê, o Claudio, o Fernando, o Gilvânio, a Kall, a Kelly, o Luiz, o Murillo, o Neyzinho, a Raquel, o Rui, o Sandro, o Sidney, o Willians, a Zilda e tantos outros...

O segundo é para as pessoas que não tem deficiência alguma, mas têm receio de relacionar-se ou oferecer oportunidades aos deficientes, exceto para cumprir exigências trabalhistas: ABRAM O CORAÇÃO E A MENTE! Vocês vão descobrir que muitas vezes a maior das deficiências é o preconceito e a incredulidade. Conviver com quem é capaz de se superar a cada momento é uma dádiva, é um presente, é uma lição de vida contínua.

O terceiro é para os governantes e empresários ligados ao serviço público: COMPAIXÃO. Que tal vocês darem um passeio sobre uma cadeira de rodas e experimentarem atravessar as ruas, andar pelas calçadas, depender de ônibus, utilizar as rampas (e ai! Cada inclinação sofrível!). Em lugares como São Sebastião, muito já se conquistou (até a Praia das Cigarras em breve inaugurará a orla com rampa para acesso ao mar!), mas muito há de se fazer.

Infelizmente esta fala é um clichê (falta tanta ação!), mas já que falamos de perseverar, de abrir o coração e a mente, de ter compaixão pelo próximo, vamos trazer mais uma palavra para este texto: ESPERANÇA.

Esperança de que o que hoje se chama Dia da Luta passe a se chamar Dia do Encorajamento à Inclusão. É esta a causa da SOLIDAR: Encorajar pessoas a despertar para a vida! Que o dia 21 de Setembro traga cada vez mais novas e grandes conquistas!

domingo, 12 de setembro de 2010

Como é bom quando a comunidade se reúne!

Acima: Norma e Carmen organizam o ensaio das crianças
 moradoras da Praia das Cigarras

Abaixo: Apesar do friozinho e da garoa, muitos vieram
aprender sobre o hino e cantá-lo em grande estilo.


Foi uma delícia o evento no dia 5 de setembro! Queremos agradecer nossos clientes, colaboradores, vizinhos, crianças, turistas e todos que prestigiaram a Solidar, além da bela homenagem que todos prestaram à Pátria. O entusiamo era tanto, que nem o friozinho e a garoa - inesperados no feriadão de setembro - afastou a turminha.

E aguardem porque logo outubro chega e a gente inventa uma coisa nova!

Valeu!



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Viva a Independência!


Vinícius tem 9 anos,
é filho da Susan e
louco por videogame
Para celebrar a Semana da Pátria, apresentamos nossos novos artistas-mirins, que desenharam com muito patriotismo a Bandeira do Brasil para comemorar o dia que nosso país deixou de ser colônia de Portugal e declarou sua Independência. Valeu, meninos! A Solidar se orgulha e agradece!

Vinícius tem 8 anos,
é filho da Lilian
e ama futebol!
Já que conhecemos a história do feito de D.Pedro (será?) e nosso Hino (Dona Norma vai nos ajudar a entendê-lo melhor, no próximo dia 05/09 às 16 horas, no posto), então, que tal refletirmos sobre o significado da palavra independência em nossas vidas, no nosso cotidiano? Muita gente relaciona a palavra apenas à condição material. Mas é muito mais do que isso! Independência é conquistar o direito de fazer escolhas,  de elaborar questões sem respostas marcadas, expressar e por em prática nossas idéias, alinhadas ao coração. Tem a ver com não ser submisso. A alma independente é a alma livre, mas não solitária, que faz escolhas responsáveis e tanto sustenta quanto desfruta as consequências. 

Pablo tem 10 anos,
é filho da Jaqueline
e é fã de videogame
e futebol!
Independência é "andar com os próprios pés" e,  para a família SOLIDAR esta é, sem dúvida, uma figura de linguagem, porque não estamos falando de uma questão circunstancial. Quantos de nós não têm limitação física alguma, mas se mantém refém de pequenos ou grandes vícios, como o cigarro ou a televisão, ou de aceitação simplória, só para satisfazer nossas carências? Quantos de nós se recusa a crescer e a assumir as responsabilidades? 

Quando não assumimos o risco, perdemos o gozo, o contentamento das grandes realizações. Então, para ser independente precisamos de propósito, paciência, persistência e coragem!

Fica aqui o convite: já parou para pensar do quê ou de quem você quer declarar independência?





segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Willians: uma história de transformação!

Willians José da Silva tem 25 anos e nasceu na Ilhabela. Sua família faz parte da legião de mineiros que vieram para São Paulo ganhar mundo. É boneteiro, neto de uma avó meio índia Foi criado livre e descalço na Barra Velha, onde cresceu tomando banhos de cachoeira e comendo muita banana verde com peixe.

Aos 4 anos, seu pai saiu para comprar um gás e não voltou. Mas como a vida tem altos e baixos, aos 6 anos ele descobriu o que era sorvete e bicicleta, aos 7 ganhou seu primeiro par de kichute para ir à escola e tudo isso sempre tendo um cobertorzinho azul como companheiro!

Quando seu padastro conheceu sua mãe, o amor tilintou - é, aquele famoso som de sino que faz nosso coração disparar - e dia após dia, uma nova família foi se formando, consolidando-se com a chegada de mais um irmãozinho, o sexto filho de Dona Izaete.

Izaete sempre foi uma mãe amorosa e trabalhadora. Foi caixa de supermercado, trabalhou em um restaurante, foi faxineira, trabalhou em um banco, fez que fez até comprar uma casinha no Perequê Mirim. Willians tinha 15 anos e foi nessa época que vivendo no bairro começou a sofrer forte influência de más companhias. Diga-se de passagem, bem más...

Aos 20 anos, se achava um "malandro", descolado, tirava uma boa grana no seu "ramo". E como quem vive assim tem vida curta, se permitia cometer alguns excessos e vivia apaixonado por várias gatinhas. Quando ele conheceu Gabrieli, se apaixonou por ela também. E, entre uma noitada e outra, na noite de 19 de janeiro de 2007, "viajandão" pegou a moto e saiu com um amigo na garupa. Perdeu uma perna ao encontrar pelo caminho uma carreta.

Ao todo foram 3 meses de internação, sendo 30 dias na UTI. Gabrieli o visitava diariamente e nesse período ele comeu muita torta de frango... Quando recebeu alta do hospital, ela não saiu mais do seu lado e foi assim que chegou o Pablo, filho do casal, hoje com 2 aninhos.

No começo de 2009, Fernando, um conhecido - que sofrera um acidente nas mesmas condições e também usa uma prótese - há tempos observava Willians e sabia bem que tipo de vida era aquela. Por isso, o convidou a trabalhar na Solidar. Sem ter nada a perder, ele topou.

Aqui teve um batalhão de entrevistas para fazer. Conversou com muita gente e ficou acertado que ele começaria a trabalhar na Convivência. E o dia que Jorginho o conheceu, deu um jeito de levá-lo para a Cuidados e Serviços. Foi então que Willians despertou para a vida e também passou a fazer diferença na Ducha!

Acolhido pelos novos colegas, hoje grandes amigos, e descobrindo a riqueza da Solidariedade, da Humildade e Simplicidade, da Excelência, da Justiça e Igualdade, ele fala de seus sonhos:

- Quero que todos cresçam muito! Imagina a gente se falando, cada um de um novo posto SOLIDAR, marcando um churrasco num domingão, para colocar o assunto em dia!

E ele continua, dando sinais que sua boa ambição passa pelo Amor ao Próximo:

- A gente tem que crescer sem esquecer que devemos julgar as pessoas mais pelo que podem ser do que, simplesmente, pelo que já foram...

Siga em frente, Willians! E siga conosco, mostrando que sempre é tempo de despertar e tomar a vida nas próprias mãos. Basta desejar, decidir e agir. Que seu exemplo inspire muitas outras realizações! Transformando a si próprio você descobriu o poder de transformar o mundo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Êva conhece o valor da Solidariedade!

Availdo Rodrigues de Alcântara nasceu no dia 20 de janeiro de 1979, na cidade mineira de Teófilo Otoni. Aos 8 anos, veio morar com as irmãs, em Caraguatatuba.

- Nasci em Minas, mas sou naturalizado caiçara! – brinca Êva, como é chamado pelos amigos.

Com a família, o garoto foi aprendendo bem as tarefas de caseiro – cuidava do jardim e da piscina - até que conheceu um senhor, dono de uma casa em Martins Sá, com quem trabalhou por 10 anos.

No Réveillon de 2005, Êva foi visitar uma das irmãs que estava morando em Juquehy. Na praia, conheceu uma garota e se apaixonou à primeira vista. Acreditem ou não, ela era irmã do seu cunhado. Enfim, as promessas do príncipe encantado seduziram a moça a ponto dela acreditar e, depois de uma semana, ir bater na porta da casa dele, de mala e cuia:

- Eu estava trabalhando no jardim quando vi um taxi parar no portão e uma mulher descer cheia de coisas. Eu nem tinha reconhecido ela, mas quando me dei conta, estava “casado” – relembra, rindo, mas com um quê de nostalgia, já que estão recém separados.

Foi fazendo escolhas na vida... Depois do trabalho como caseiro, foi fazer uns bicos e trabalhou como eletricista, frentista, pedreiro. Um dia, quase perdeu uma das mãos num terrível acidente de trabalho – sem contar os acidentes de moto. Era muito pouco valorizado. Seu ex-patrão, sempre o acompanhou à distância, e foi ele quem deu a dica para a SOLIDAR contratar Êva.

- Eu estava trabalhando como um animal, num sol a pino, me matando, para ganhar 15 reais, quando meu celular tocou e era a Mary. Conversamos – Êva adora conversar – e ela disse “você começa amanhã!”.

Chegando no Posto de Serviço ao Próximo, ele foi acolhido por Jorge – a quem chama de “meu líder inspirador” – e por toda a equipe da ducha, na Cuidados e Serviços. A solidariedade experimentada foi tamanha, que os sonhos para o futuro são ambiciosos!

- Quero ser um consultor da SOLIDAR e dar palestras, para levar para as pessoas de fora, o que aprendi aqui!

Êva, que sua determinação e seu entusiasmo te façam cada dia mais forte!

sábado, 14 de agosto de 2010

Bob: Laço Forte!

Luiz Alberto Cavalheira – o Bob - tem 21 anos e muita história para contar. Nasceu em São Paulo onde até 2007 atuava na área de turismo de aventura. O que o motivou a sair do ramo foi a atraente proposta que recebeu de um conhecido, para trabalhar numa livraria em São Sebastião. Não foi fácil deixar a avó e a mãe para trás, mas ele decidiu mudar-se para o litoral!

Um dia, nessa mesma livraria, conheceu Marcelo que lhe chamou a atenção pela forma de conversar e de como agradeceu a um simples favor:

- Obrigado, viu! Eu sou o Marcelo, ali do Posto da Cigarrras. Muito obrigado e se você precisar de alguma coisa, qualquer dia, pode me procurar!

Aquela frase o marcou profundamente – afinal, não é todo dia que encontramos gente assim. Poucos meses depois, por conta de um desentendimento Bob deixou seu emprego e, sem rumo, desacreditado da vida, decidiu procurar por Marcelo, que não hesitou em lhe oferecer trabalho na loja da Convivência.

Chegando aqui, ficou surpreso por ninguém fazer cara feia para sua chamativa cabeleira rastafári. Mas, seus drads lhe renderam o apelido “BOB”, de Bob Marley. A esta altura, ele já tinha entrado para a equipe da Cuidados e Serviços, na ducha. O convívio com os colegas e a forma como foi acolhido mudou sua vida:

- Aqui aprendi a ser um homem de verdade. Jorge, Fernando – e todos – me fizeram sentir capaz! Fui novamente acreditando em mim e na vida. Descobri que em conjunto, unidos, podemos crescer muito – conta Bob.

As transformações internas e o amadurecimento refletiram no visual. As madeixas cultivadas por 8 anos foram cortadas e ao invés de perder sua força como na história de Sansão e Dalila, a energia foi renovada. Junto chegou Nurya que era cliente da Solidar, tornou-se uma paquera e hoje é sua namorada. Nesse processo também começou sua busca espiritual:

- Descobri que às vezes, a gente precisa de algo maior para ficar em paz. Está me fazendo muito bem! – diz ele, ao comentar sobre suas idas à missa aos domingos.

Para Bob, o Posto de Serviço ao Próximo é uma espécie de família:

- Tudo que consegui, foi a Solidar que me ajudou. Ajudou bastante! Nos momentos difíceis essa gente daqui tem laço forte...

E tem mesmo. São laços assim que tornam realidade a nossa causa de despertar vidas e servir ao Próximo.

Bob, que eles se fortaleçam cada vez mais!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Adriano vive intensamente a Solidar!

Adriano Silveira é paulistano e tem 37 anos. O ritmo de vida que levava na Capital, como vendedor de uma famosa concessionária, não fazia bem à sua saúde, principalmente por conta de seu transplante do pâncreas.

Os pais de sua esposa já eram moradores da Praia da Cigarras e foram os maiores incentivadores para que ele e Úrsula mudassem para São Sebastião, em 2006. Seu maior sonho é um dia poder trazer sua mãe para morar por perto.

Foi no final de 2007, através da indicação de um amigo, que num sábado, Adriano conheceu Marcelo. A entrevista começou... Pergunta vai, pergunta vem..

- Mas para você, este trabalho é temporário, não é? – indagou Marcelo.

Adriano, que já tinha percebido a grandeza da causa do Posto de Serviço ao Próximo, não hesitou em responder:

- É temporário sim. Mas, do jeito que simpatizei com a causa, posso passar uns 35 anos do seu lado...

Os dois riram. Adriano estava contratado! Emocionado - com lágrimas nos olhos - conta o quanto foi importante a paciência de todos:

- Eu era desesperançado pela vida, era extremamente defensivo. Fui aos poucos mudando e resgatando meu lado humano. Hoje, o que posso fazer é ajudar outras pessoas como fui ajudado. Sou realizado no meu trabalho e quero dar seqüência ao que comecei aqui. Tenho a Solidar nos meus planos, em qualquer área que eu esteja.

Adriano já contribuiu nas unidades de negócio Cuidados e Serviços, Energia e agora está como líder da Convivência. Como adora cozinhar - e servir – está radiante com o novo desafio.

Nos dias de folga, se não está descansando, pega sua moto e vem passear no Posto. Foi assim que foi convidado a participar como “ouvinte” das reuniões de liderança, até que um dia, apareceu uma oportunidade. Prestes a participar do programa de formação de Líder de Alto Valor – o LAV – ele mal consegue disfarçar sua ansiedade em aprender cada vez mais.

Adriano vive intensamente a Solidar. E a Solidar conta imensamente com Adriano!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Zilda: aprendizado diário!

Zilda Pereira de Souza nasceu pelas mãos de uma parteira e cresceu na zona rural da cidadezinha de Conceição de Piancó, no interior da Paraíba.

Com um aninho de idade, foi vítima de paralisia infantil que a deixou com o pé torto.

Quando tinha 13 anos, soube que havia uma menina na cidade, que iria para outra cidade onde havia um médico que fazia cirurgias ortopédicas. Sem titubear, deixou claro que também queria se consultar. Chorou até o pai concordar. Zilda foi levada no lombo de um jegue...

Ao ser examinada, um rasgo em sua coxa chamou a atenção: a garota tinha caído numa cerca de arame farpado:

- Você estava correndo atrás das vacas? – perguntou o médico, brincalhão.

Depois de levar 14 pontos, Zilda teve que voltar para casa e só depois de sarar da perninha, poderia ser operada. Decidida, voltou! Tudo que mais queria era poder andar melhor.

Sua coragem foi tanta, que ela passou mais de mês sozinha no hospital. Enfrentou as dores bravamente, além do incômodo de três meses de gesso. Depois, teve de reaprender a andar. O resultado de tanta determinação, valeu!

A menininha cresceu e quando alcançou a maioridade, veio - incentivada pelos tios - buscar em São Paulo a possibilidade de uma vida melhor. Foi assim que chegou a São Sebastião, onde trabalhou como babá e depois como copeira de uma pousada.

A vida seguiu. Ela casou e separou e foi morar sozinha. Foi então que conheceu a Kall que já trabalhava na Solidar. Indicada pela amiga, veio e fez três entrevistas:

- Achei que esse pessoal só queria saber de conversar! – rindo ao lembrar.

Sem sentir muita confiança na contratação, foi visitar a família na Paraíba. Chegou lá e logo recebeu a ligação falando que a vaga era sua. Quarenta dias depois, em 2004, ela entrou para a equipe do Posto de Serviço ao Próximo.

Aos 38 anos, a mãe de Fábio e do pequenino Douglas sonha em encontrar um novo companheiro, formar uma nova família. Enquanto isso, aproveita as folgas para cuidar dos filhos e do lar.

- Aqui aprendi bastante e continuo aprendendo. Eu era muito acanhada, mais do que sou hoje. Mas, a cada dia eu aprendo algo novo, como respeitar as pessoas, lidar com o público, atender bem. E quando chego aqui, me sinto feliz. Quando fico em casa, fico louca para vir trabalhar! – fala achando graça.

Zilda aprende, mas gente com tanta garra e simpatia tem muito a ensinar! Obrigada!

terça-feira, 20 de julho de 2010

A doçura de Susan

Por Regina Magalhães

Foi em 2004 que Susan Carelli Piedade deixou a cidade onde nasceu - São Bernardo do Campo - para morar em São Sebastião. Seu marido, Evandro, foi encorajado pelo irmão a aproveitar uma oportunidade, como técnico em refrigeração. Na época, o filho - Vinícius - tinha 3 anos e a família topou o desafio da mudança.

Chegando, ela foi trabalhar numa ONG voltada às questões ambientais, até que em abril de 2010 soube que a Solidar precisava de alguém para trabalhar no caixa da Energia. Ela veio, trouxe seu currículo, fez uma entrevista e foi contratada. Apesar de nunca ter trabalhado num posto de gasolina, aprendeu a abastecer, verificar o óleo, calibrar pneus, completar a água do radiador e a servir com amor! Contou com o apoio e a paciência de todos e é grata aos colegas.

Falando em gratidão, ela sempre agradece a Deus pelos caminhos que Ele lhe conduz, sempre com um propósito a ser descoberto:

- Aqui, estou aprendendo uma lição maravilhosa. Estou convivendo com pessoas que não reclamam das limitações físicas. Ao contrário, eles têm muita alegria e dão um grande exemplo! A garra dessas pessoas é incrível. Às vezes enfrentam algum preconceito, mas este lugar dá oportunidade a todos e é muito bom trabalhar com eles.

Nas horas de folga, tem duas paixões: a leitura e a família. Claro que a família ganha:

- Quando não estou no posto a gente aproveita para se curtir. Ou vamos à praia, ou saímos para tomar um sorvetinho, ou ficamos em casa. O importante é estarmos juntos! Mas sempre que posso, tenho um livro por perto. Aliás, estou lendo o Rico de Verdade!

Para Susan o que falta no mundo é Amor ao Próximo e é por isso que ela admira a iniciativa de Marcelo e tem orgulho de falar que trabalha na Solidar.

Orgulho tem a Solidar de ter gente com a visão e a doçura de Susan: é assim que se transforma o mundo em um lugar melhor!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gilvanio, alegria que vem de Minas

Por Regina Magalhães

Gilvanio Domingues de Oliveira, o Chiquinho (a razão do apelido é uma outra história...), tem em si o brilho da alegria. Nascido em Pavão, cidadezinha próxima a Teófilo Otoni, veio para São Sebastião em 95 (no século passado!), aos 17 anos.

Quando pergunto a ele, sua opinião sobre a cidade atrair tantos mineiros, ele responde:

- É por conta da União do Litoral. Depois que colocaram esta linha de ônibus, os mineiros se animaram!

Foi com este ânimo que sua mãe – viúva e os quatro filhos chegaram ao litoral, com a cara, a coragem e a esperança de uma vida melhor. Por lá ficaram a avó – que não vê há 13 anos, os tios e primos. A saudade é grande.

- Quando chegamos aqui, nos hospedamos na casa de um amigo, até encontrarmos um lugar para morar – conta Chiquinho.

Deram sorte. Em menos de uma semana já conseguiram uma casinha, no bairro do Travessão. A vida foi se ajeitando. Gilvanio casou, teve dois filhos – Thiago e Thaiane - e depois se separou. Aí, casou de novo, ganhou um enteado – Pedro – e teve mais um filho – Matheus Henrique, hoje com 11 meses.

Gilvanio era um bebê saudável até ser vítima de paralisia infantil no primeiro ano de vida. Sua mãe não se conformou: além dos cuidados médicos com o filho, também teve fé em Nossa Senhora, a quem pedia incessantemente que intercedesse pela cura do menino. Depois de dois anos ele voltou a andar. Como seqüela, entre uma perna e outra ficou a diferença de uns 6 centímetros. Diferença que não o impede de nada, nem de jogar bola! Ele apenas lamenta o preconceito de algumas pessoas.

- Já sofri com preconceito lá fora. Você sabe que tem vaga numa empresa, se candidata, se apresenta e na hora que eles se dão conta da deficiência, na hora H, acabam nos descartando, inventam uma desculpa. Não acreditam no nosso poder de superação, diferente do Marcelo que abraça essa causa.

Ouvindo tantas histórias boas da Solidar, pediu ao amigo e vizinho, que já trabalhava aqui, que entregasse seu currículo no posto. Em abril deste ano, ele tornou-se colaborador da unidade de negócios Energia.

- A equipe é maravilhosa. Aqui eu trabalho me divertindo. Sou muito atentado! – fala o mineiro, todo contente.

Se o dia é de descanso, Gilvanio aproveita para curtir os filhos. Paizão, ele sonha em cada vez mais oferecer à família mais qualidade de vida. Qualidade, porque alegria parece que ele já oferece aos montes!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sidney: futuro doutor!

Por Regina Magalhães

Sidney Duque nasceu em São Paulo, onde viveu até o carnaval de 1997. Quando seus pais se aposentaram, decidiram vir morar em São Sebastião, em busca de uma melhor qualidade de vida. Caçula, tem 5 irmãos, uns por parte de pai e outros por parte de mãe:

- Somando tudo dá meia-dúzia! A família é grande!

Sidney nasceu com uma fratura exposta que comprometeu os movimentos de suas pernas. Mas a vida incumbiu-se de mostrar que uma cadeira de rodas não é uma sentença de inatividade: ele está sempre em movimento, em evolução!

Em 2002, aos 18 anos, conheceu Marcelo através de um Frei, amigo que tinham em comum. Quando o convite para trabalhar foi oficializado, Sidney sentiu um frio na barriga. Não só ele, seus pais também hesitaram. Afinal, como portador de necessidades especiais, sempre foi tratado com certo excesso de proteção. O mais longe que ia sozinho era para o colégio. De repente surge a oportunidade de descobrir um mundo novo, entrar em ação...

Felizmente a coragem venceu o medo e Sidney foi dos primeiros cadeirantes - quiçá o primeiro – da equipe Solidar. A alegria genuína do jovem - sua marca registrada - cativou todos que pelo posto passavam. Naquela época, ele era a imagem viva do sonho de Marcelo, como um símbolo da causa.

Em 2005, um cliente o convidou para trabalhar na Polícia Federal. Neste meio tempo, ele já estava em vias de começar a faculdade de Direito. No final de 2009, o contrato com a PF se encerrou e Sidney procurou Marcelo (vale dizer que nunca perderam o contato nesses anos):

- Tenho a maior gratidão por ele. No mesmo dia que o procurei, já ficou tudo acertado. Aliás, toda a “família” Solidar é excepcional. Desde o pessoal do escritório, da pista, da loja, da lavagem... Aqui somos todos unidos, mesmo sendo diferentes nas nossas necessidades e temperamentos.

Recentemente, Sidney passou a cuidar da oferta de aditivos e fala do assunto com propriedade, transmitindo confiança:

- Os aditivos limpam o percurso da gasolina pelo motor. Eles não apenas reduzem o consumo do carro, como melhoram seu desempenho.

Quando não está trabalhando, ele ou está com os amigos da faculdade – às vezes numa baladinha, ou com a família. Estando em casa, procure pelo computador que é certeza encontrá-lo.

E o futuro?

- Assim que eu me formar, pretendo prestar concurso para delegado da PF e talvez atue como advogado. Mas aí, quando vejo o exemplo do Marcos e o tanto que ele cresceu aqui, como pessoa e como líder, o quanto aprendeu e assumiu de responsabilidade, me dá vontade de ficar e crescer junto...

Seja qual caminho Sidney decida percorrer, a gente olha para ele e já sabe que vai dar certo!

sábado, 3 de julho de 2010

Olha o caminhão da Solidar aí, gente!

Por Regina Magalhães

Quinta-feira, sol a pino. Edson e Jhoseph entram na cabine do caminhão comboio e se preparam para atender à embarcação de seu Luiz. Além dos 200 litros de diesel - ou melhor, biodiesel - 20 litros de água mineral e lubrificantes também são parte do pedido.

Embarco na rápida empreitada. O amplo vidro dianteiro somado à altura do veículo dá uma vista privilegiada da natureza ao redor. Mar e montanha. Para quem ainda não está acostumado com a paisagem, é difícil escolher para qual beleza olhar. É tanto azul e tanto verde...

O caminhão pega uma rua de terra, razoavelmente esburacada. Nesta hora, tudo chacoalha, meu estômago revira, mas quem está acostumado tira tudo de letra. Esqueço o enjôo quando, audaciosamente, o caminhão avança até um pedaço da areia da praia, ao lado do rancho dos pescadores.

- Fica tranqüila – dizem eles, sorrindo bonito - É assim mesmo, este trecho é de embarcações, podemos entrar sem problemas. O que não pode é deixar o óleo ou os galões tocarem a água.

Eles chegam, cumprimentam um rapaz que indica onde estão os 4 galões vazios. Enquanto Jhoseph os traz, Edson abre um compartimento e voilá! Surge uma mini bomba de combustível. Concluída a ação, os dois carregam os recipientes para perto de um bote. O rapaz também ajuda.

Uma parte importante da proposta desta equipe é a boa vontade em contribuir e auxiliar o cliente no que for preciso, durante a operação.

É assim que acontece também no abastecimento de canteiros de obra, momento que máquinas, tratores e escavadeiras param para receber o biodiesel. O caminhão é parte da unidade de negócios progressistas Cuidados e Serviços e Jorge, o líder, já prometeu:

- Vamos passar a servir no caminhão o mesmo café gostoso que oferecemos no posto. Aí, esta hora vira um momento bom para uma pausa rápida. Enquanto a gente abastece, nossos clientes tomam um cafezinho... Vai ficar “da hora”!

Assim como o movimento da causa Solidar, o caminhão não pára. Nem os chamados, tamanha a conveniência para os clientes: é barco, é máquina, é caminhão, é frota especial e são pessoas do bem atendendo pessoas de bem.

- Olha o caminhão da Solidar aí, gente!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lilian: o toque oriental

Por Regina Magalhães

A adolescente que se divertia passeando de patins por uma cidade do interior não fazia idéia de todos os caminhos pelos quais sua vida passaria até chegar ao Solidar. Lilian Sayumi Yoshimura, 42 anos, tem ascendência japonesa e mora no litoral norte paulista desde 2004.

Ela nasceu em São Paulo, depois, ainda criança mudou-se para Mogi das Cruzes – onde passou sua adolescência – e aos 18 anos foi morar no Japão, onde viveu por 15 anos.

Lilian foi parar do outro lado do mundo porque sua mãe havia se mudado para lá para trabalhar como auxiliar num hospital, graças a um programa que incentivava netos de japoneses – os decasséguis – a viver no Japão. Lá foi ela, sem falar e nem escrever uma palavra da língua. Nesta fase mais solitária, ainda sem comunicação e conhecendo pouquíssimos brasileiros, encontrava consolo nas guloseimas do supermercado. Seus primeiros empregos foram em linhas de produção de peças automotivas. Por conta da altura incomum no país (ela mede 1,70m) era escalada para o trabalho mais pesado – soldava, carregava e descarrega matéria-prima, sem moleza.

Estudando através do método de ensino Kumon, aprendeu a língua e por isso conseguiu um emprego melhor e pôde realizar muitos sonhos materiais, sem contar as viagens que fazia. Com seu primeiro marido ela teve uma menina, Nicole. Depois se casou novamente e antes que nascesse Vinícius, voltou a morar no Brasil.

Já de volta, ainda se acostumando com a mudança, um recado especial chegou até ela. Estava meio para baixo, pensativa e no metrô, em São Paulo, uma moça ao lado, sem saber nada do que se passava pela sua cabeça lhe disse: “Deus sabe o que passa no seu coração. Não se preocupe: você terá a vitória!”. A mensagem a confortou profundamente. Os caminhos foram se ajeitando até que ela chegou a São Sebastião, onde assumiu a gerência de uma loja de motos e começou o curso de Direito.

Quando soube do Solidar, quis conhecer o Marcelo de perto. A empatia foi grande, emocionante. Dias depois, Lilian foi contratada. Hoje, com sua sensibilidade, disciplina e assertividade ela contribui para a causa, trabalhando nos bastidores da empresa. Sua elegância também deixa o ambiente mais bonito.

Uma crise no casamento a fez encarar um novo processo de separação. Mas ela não é de se entregar à tristeza ou ao desânimo. Saiu fortalecida com uma vontade enorme de reescrever sua história - ou de escrever novos capítulos - de reconstruir a vida, de crescer e evoluir como ser humano, de não cometer os mesmos erros e de caminhar na direção de seus sonhos e... REALIZÁ-LOS! Lilian acredita no amor e a Solidar acredita em Lilian!
Se o dia é de folga ela gosta de fazer tricô ou ir à praia. E os patins? Ficaram na adolescência...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Convivência: Onde a Boa Gente se Encontra!

Por Regina Magalhães

As manhãs da Convivência têm um irresistível cheiro de pão quentinho e café fresco. Por todo o dia e, às vezes, por toda a noite, entra e sai gente. São 24 horas por dia, 7 dias por semana. Tem quem busque falar um oi, tem quem entra e sai calado, tem quem faz dali ponto de encontro, tem quem deixa o carro na pista, consome rapidinho e pronto!

Uma moça bonita, alta, de olhos bem claros e cabelos cacheados, chega com sua bolsa de grife e pulseiras douradas. Acomoda-se no balcão e pede seu café com leite e pão.

- Este posto vai ficar enorme! – diz ela tentando puxar assunto, olhando para a terra da obra ao redor e ao ambiente com certo ar de improviso.

“Oxalá!”, penso. Olho para Sol que logo percebe meu ar de indagação:

- Só um minuto. Me deixa atender o vendedor que já falo com você – diz ela, gesticulando.

Deixo a pergunta para lá. Entra um homem segurando garrafas vazias, procurando pelo lixo reciclável. Sol o atende, rapidamente. O café acaba e Zuzu logo coloca mais pó na cafeteira.
Na parede um relógio promove uma marca de um cigarro (eca!) e indica que são 10:04h. A temperatura ambiente é de 27.7°C. É o calorzinho que vem do forno. Mas o calor que o termômetro não mede vem do espírito feminino da equipe, da saudável vaidade, da precisão e assertividade do caixa, do dom culinário, da capacidade de pensar em tudo e em todos, do sorriso aberto, do sorriso tímido, do jogo de cintura para quando o balcão está cheio e a fila formada, do zelo, da responsabilidade e da vocação de servir. Viva a Kall , a Kelly, a Raquel, a Sol, a Zuzu e a Zilda.

Zuzu lava a loucinha, que não pode acumular. Aparece um jovem com um cheque na mão e pergunta por Ney. Zuzu aponta na direção do escritório. A moça bonita insiste em conversar: conta que é da Bahia, já morou em Manaus, veio de Petrópolis, mas que gosta de passar as férias em São Sebastião por causa do filho. Ela termina, se despede e paga. Zuzu recebe e dá o troco. Mais loucinha aparece na pia e Zuzu trata de lavá-la.

Sol continua com o vendedor, decidindo as compras da conveniência. Entra uma família e depois uma senhora, que pega dois refrigerantes grandes, um queijo e pede pãezinhos para viagem.

Fico impressionada com a diversidade de produtos que o espaço oferece. Quer se informar? Tem jornal e guia do litoral. Está com fominha? Tem salgado, biscoito, lanche, sorvete e balinha. Está com fomão? Tem hambúrguer no pão. Quer carinho? Tem torrada e cafezinho. Churrasco? Tem carvão e cerveja. Para ficar cheiroso, shampoo e sabonete. Para o bebê tem mamadeira e papinha. Para um desejo, chocolate. Para a moça tem havaiana, para quem quer fazer um bolo tem farinha. Para a festa tem vinho, para limpeza tem cândida. Para fazer comida tem arroz, tem ovos e feijão. Para quem não cozinha tem o instantâneo macarrão! Para estender a roupa tem varal. Até Vinagre Saboroso tem. Genial! Quer dinheiro? Tem também! Tem Bradesco e 24 horas. O que mais você quer? Um açaí? Garanto que o melhor é daqui!

Entra um velhinho japonês, usando boné. Este fala pouco. As manchas na pele sugerem que o homem já trabalhou muito ao sol. Fico imaginando sua história. Ele aceita o café que lhe oferecem e vai até o freezer. Paga e sai tomando sorvete de morango com a expressão de um menino. Acho graça.

Entra um motorista e pede um café.

- Estou acabando de passar! – diz Zuzu.

Enquanto espera, o homem aproveita para arrumar sua carteira, espalhando papéis no balcão. Parece se sentir em casa. O café fica pronto, fresquinho! Ele toma, agradece e sai.

Embora as paredes sejam cobertas por certificados de prêmios recebidos e matérias emolduradas que atestam o valor do trabalho do Solidar, vejo como maior recompensa os encontros que aqui acontecem. Marcados ou por coincidência, são encontros ao redor de sabores, de um rápido papo, da comprinha corrida, durante a espera da troca de óleo, do tempo em que se saboreia um quitute, encontros de trabalho, de descanso, de alma.

Na Convivência do Solidar, a boa gente se encontra!

Que tal um cafezinho?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Energia a Serviço!

Por Regina Magalhães

A tarde é de outono, mas a natureza generosa nos presenteia com o céu azul perfeito e o calorzinho do sol aquece na medida. São duas da tarde. Uma obra na pista interrompe o fluxo de carros por duas horas. Ao invés de desperdiçar o tempo, a unidade de negócios progressistas ENERGIA está reunida.

O cenário atual do SOLIDAR é curioso. As bombas de combustível são novinhas, mas a equipe já é para lá de experiente. Há um quê de inacabado, em meio ao canteiro de obras que incomoda o olhar. Escolho erguer os olhos para fitar a doce montanha que nos rodeia.

Sem querer incomodar, cumprimento todos e fico mais distante, observando e aprendendo com o sorriso de Arlindo, a atenção de Luiz, a falante Gabriela, o comprometimento de Neizinho, a concentração de Sidney, a gratidão de Susan, a presença de Murillo, a condução de Adriano e a garra de Claudio. Estão ali, presentes, atuantes. Não encontro Benê, Rui, Gilvanio e Irany. Para estes, hoje o dia é de folga, de férias, de descanso.

- Afinal, me desculpem, mas que reunião é esta? – não resisto e pergunto.

- É a nossa reunião de Corpo, Mente e Alma. Serve para colocar os pingos nos iiiiis e para falar dos indicadores dos nossos Metaprojetos – responde Claudio, que lidera a ENERGIA em parceria com Adriano

- Quantos e quais são?

- São 3 principais: Acolhimento, Beleza e Caixa. E recentemente começamos o projeto dos Aditivos – continua Claudio.

Vou, sem dar conta, me aproximando do círculo. Deve ser a ENERGIA que me atrai. Me policio para ficar em silêncio. Os temas são discutidos. Embora os processos, ou Metaprojetos existam, Adriano propõe que sejam reescritos e depois comparados, para que sejam evidenciadas as atualizações necessárias.

No ABC da pista, o Acolhimento recepciona os clientes, indicando qual a bomba disponível ou de melhor acesso. Nada de deixar cliente perdido! Mas não é só indicar aqui ou ali. É preciso estar atento e desejoso de receber o rei cliente! É como ficamos em casa, ao saber que vamos receber uma pessoa querida. Atentos!

Aí vem outro pessoal que diz:

- Olá, Beleza? Gasolina Comum, Aditivada ou Etanol? E Aditivo?

Aqui toda atenção é pouca. O cliente confia as chaves para que o carro seja abastecido. É preciso servir e marcar num papelzinho o consumo em litros e em reais e entregar ao Caixa o papel e a chave. Concentração nos números e processos, sem deixar o cliente de lado. Também não vale gritaria, não é para ser feira.

O Caixa, então, trata de administrar o funcionamento das maquininhas, o preenchimento dos talões de nota, o pagamento em dinheiro, o troco, o valor do consumo, ufa! Qualquer distração compromete o fluxo de toda uma cadeia. Salve a virtude da Atenção!

Em outra frente, enquanto o cliente está parado, é momento de Cuidar e Servir.

- Vamos checar a frente, verificar o óleo e a água? Vamos lavar o carro?

Até aí tudo bem. São serviços. Mas então vem o detalhe:

- Aceita um cafezinho? E uma torradinha?

Entra aqui o olhar que transcende os automóveis. Aflora o prazer de servir ao ser. Da modesta cozinha da Convivência, saem o café e as torradas, com gosto de Amor ao Próximo, Humildade e Simplicidade, Solidariedade, Justiça e Igualdade, Excelência. A alegria em servir é que faz tudo ficar mais saboroso.

É também importante cuidar da Beleza. Dos detalhes, da limpeza do piso ao teto, passando pela manutenção das bombas e de uma florzinha, aqui ou ali. É preciso zelar pela ordem. Afinal, o Solidar é como o segundo lar para estas pessoas!

A reunião vai se encerrando. Cada colaborador fala sobre seus sentimentos. O grupo é chamado à responsabilidade de aprender a linguagem dos sinais para incentivar a participação e maior inclusão de Murilo, um surdo-mudo de olhar expressivo. Até eu me proponho a fazer a lição de casa.

A estrada é liberada. É hora de voltar à ação. Despeço-me com o olhar transformado e declaro meu desejo de contribuir. No caminho de volta, sinto a brisa da tarde de outono. Meu coração segue grato. Estou ENERGIZADA! É o efeito SOLIDAR!